quarta-feira, 1 de junho de 2016

Presidente do Conselho de Ética relata a Janot 'manobras' de Cunha


O presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), se reuniu na manhã desta quarta-feira (1º) com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para entregar documentos que apontariam supostas manobras do presidente afastado da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para prejudicar o andamento do processo de cassação que ele é alvo no colegiado.

O relator do processo de Cunha no Conselho de Ética, Marcos Rogério (DEM-RO), começou a apresentar na tarde desta quarta, aos integrantes do colegiado, o parecer no qual deve recomendar a perda do mandato do deputado do PMDB.

Araújo disse que entregou a Janot  cópias de questões de ordem apresentadas por aliados de Cunha, demonstrações de mudanças na composição do Conselho de Ética e a consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), assinada pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), que visa salvar o mandato do peemedebista.

“Levei tudo aquilo que acho que é manobra. Não fiz nenhum pedido. Levei para mostrar que o deputado Eduardo Cunha, mesmo afastado do mandato, continua manobrando aqui na Casa e fortemente”, disse o presidente do Conselho de Ética.

De acordo com Araújo, Janot apenas recebeu os documentos, sem fazer comentários sobre o teor. “Eu disse ao procurador que só tinha a ele e ao papa para me queixar. Ele não falou nada. Só ouviu. É um bom ouvinte”, disse o deputado.

Cunha é acusado, no processo que tramita no Conselho de Ética, de ter mentido, no ano passado, à CPI da Petrobras quando disse que não possui contas bancárias no exterior. Desde que a representação contra o peemedebista foi apresentada ao colegiado, aliados de Cunha tentam postergar ao máximo andamento do processo.

As intervenções no Conselho de Ética foram usadas como argumento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na decisão de suspender o mandato parlamentar de Cunha e afastá-lo da presidência da Câmara.

Consulta à CCJ
Nesta terça (31), Waldir Maranhão apresentou consulta à CCJ na qual questiona os ritos dos processos de quebra de decoro parlamentar de deputados federais que, teoricamente, pode vir a evitar a cassação de Cunha.
Apesar de o parecer de Marcos Rogério recomendar a perda do mandato, aliados do peemedebista avaliam que têm votos suficientes no conselho para rejeitar a proposta de cassação, aprovando, no máximo, uma pena alternativa, como a suspensão do mandato.

Segundo integrantes do Conselho de Ética ouvidos pelo G1, um dos objetivos da consulta de Waldir Maranhão é evitar, futuramente, que o plenário da Casa reverta eventual pena alternativa proposta pela maioria dos integrantes do colegiado e determine a cassação de Eduardo Cunha.

Na consulta, o presidente em exercício questiona se, na eventualidade de o Conselho de Ética rejeitar a recomendação original do relator e propor uma pena alternativa, mesmo assim a representação que pede a cassação tem de ser submetida à votação no plenário.

Pelas regras atuais, mesmo que o Conselho de Ética recomende uma punição mais branda do que a perda do mandato, o plenário principal da Câmara é obrigado a analisar o pedido que originou o processo por quebra de decoro parlamentar.

No caso de Cunha, Rede e PSOL – autores da representação contra o presidente afastado da Câmara – pedem que ele perca o mandato.


Com a consulta feita por Waldir Maranhão, os aliados de Eduardo Cunha acreditam que a CCJ possa proibir que o plenário vote a cassação, pena máxima prevista para casos de quebra de decoro parlamentar.

Fonte: G1 Brasília