segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Investigados dizem que contrato de merenda em Americana foi fraudado


Dois suspeitos de envolvimento na fraude em licitações de merenda escolar em 22 cidades paulistas confirmaram à Polícia Civil e ao Ministério Público que um contrato assinado entre a Prefeitura de Americana (SP) e a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), alvo da investigação, foi fraudado.

As declarações constam nos depoimentos que Adriano Gilberto Mauro e César Bertholino – ambos vendedores da Coaf – prestaram à polícia e à Promotoria na terça-feira (19), quando foram presos junto de outros quatro suspeitos em Bebedouro (SP). Os documentos foram obtidos pelo G1.

Procurada pelo reportagem, a assessoria da Prefeitura de Americana não comentou o caso, alegando que o secretário de Negócios Jurídicos, Alex Niuri Silveira Silva, se encontra fora do Paço Municipal.

O esquema começou a ser investigado há seis meses. Na terça-feira, seis suspeitos foram presos: além de Mauro e Bertholino, o presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o ex-presidente Cássio Chebabi, o diretor Carlos Luciano Lopes e o funcionário Caio Pereira Chaves. Após um acordo de delação, todos foram soltos.

Segundo o Ministério Público, os suspeitos relataram um esquema envolvendo pagamento de propina a funcionários públicos, deputados e intermediários para que licitações destinadas à compra de merenda escolar fossem fraudadas em benefício da Coaf, com sede em Bebedouro.

Fraude em Americana
Em depoimento, Mauro afirmou que soube da fraude envolvendo a Prefeitura de Americana "por meio de comentários dentro da Coaf". O contrato teria sido negociado por Chebabi e pelo vendedor Emerson Girardi para fornecimento de arroz. Acontece que a Cooperativa não possuía cooperado produtor desse tipo de grão.

"Tomou conhecimento, por meio de comentários dentro da Coaf, que esta firmou contrato fraudado com a Prefeitura de Americana, porque a Coaf lhe vendeu arroz pela quantia que acredita ser de R$ 27,00 o pacote de 5 quilos, o que se agrava pelo fato da Coaf não possuir DAP de produtor de arroz", consta na declaração.

Ainda segundo Mauro, o valor de venda teria sido superfaturado para o pagamento de propina. A afirmação foi repetida por Bertholino, destacando que chegou a acompanhar um vendedor da Cooperativa em visita a Americana, após a Prefeitura da cidade suspender os pagamentos.


"A Prefeitura de Americana deixou de pagar a Coaf, ocasião em que o declarante e Carlos Luciano, a pedido de Cássio Chebabi, dirigiram-se para lá; Tomaram conhecimento então, de que os gêneros alimentícios que havia sido lá entregues pela Coaf, o foram por valores muito superiores ao de mercado, tendo como exemplo o arroz que foi vendido a quase R$ 20,00 o quilo, o mesmo se dando com o hortifrutigranjeiros", disse Bertholino em depoimento.

Fonte: G1 Ribeirão e Franca