quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Despejo tóxico atinge Mata de Santa Genebra

Substância ainda não identificada foi descartada clandestinamente no meio do canavial que margeia a reserva, no bairro Betel

José Aires de Moraes, presidente da Fundação José Pedro de Oliveira, que administra a reserva: “Não temos ideia do que seja, mas tem um odor forte que preocupa”
(Foto: Leandro Ferreira/AAN)
A Fundação José Pedro de Oliveira, gestora da Mata de Santa Genebra, em Campinas, se mobiliza para investigar o despejo irregular de produtos no entorno da área de preservação ambiental e identificar a substância.

O descarte foi feito no meio do canavial que margeia a reserva, no bairro Betel, na rodovia que liga Campinas a Paulínia, na semana passada. A equipe da fundação tentou flagrar o infrator, mas não obteve sucesso.

A bióloga Sabrina Kelly Batista Martins suspeita que o material seja tóxico, já que dois cachorros foram encontrados mortos próximo ao local onde o líquido foi descartado. A agência da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) em Paulínia foi avisada e acionou os órgãos ambientais para as providências emergenciais realizadas em consequência de descarte clandestino de resíduos. Também coletou material para análise. O laudo deverá ser concluído em até 30 dias.

O depósito irregular foi feito em um aceiro, uma área aberta, sem vegetação, que separa o canavial localizado nas dependências da Usina Açucareira Ester e a Mata de Santa Genebra. Em razão da declividade do terreno, os resíduos escorreram até a Rua José Bononi e ficaram acumulados nesse ponto. Além do temor do contato do produto com os moradores, o ambientalista Henrique Padovani, que esteve na área, alertou sobre a possibilidade de o resíduo atingir algum corpo d’água. “O produto ainda não alcançou a nascente, mas eu temo por uma chuva torrencial, típica nesta época do ano, e que pode arrastar os resíduos para as águas”, afirmou. “O ato de despejar produto que coloque em risco a biodiversidade de uma área de preservação ambiental é crime previsto em lei”, acrescentou. 

O líquido despejado formou poças brancas e esverdeadas e deixou rastros pelo chão de terra do canavial, da rua e da estrada municipal José Sedano, uma das vias de acesso ao local, com as mesmas cores. O odor forte também chamou a atenção dos ambientalistas. 
O presidente da fundação, José Aires de Moraes, afirmou que a entidade monitora toda a área, “mas alguns acessos são usados por infratores, infelizmente”. Ao todo, a fundação monitora 251 hectares. Além da Cetesb, a própria fundação, de acordo com o presidente, também coletou o material para enviá-lo a um laboratório para realizar a análise do produto. “Não temos ideia do que seja, mas tem um odor forte que preocupa”, disse.

Uma testemunha, um morador das proximidades da mata, relatou ao ambientalista que flagrou um caminhão do tipo limpa-fossa percorrendo a estrada municipal, mas ele não conseguiu anotar as placas do veículo nem o nome da empresa. No início, a equipe da fundação também desconfiava que o transporte era feito com esse tipo de caminhão, mas a entidade não descarta que pode ser o de modelo betoneira, usado para o transporte de cimento na construção civil. 

Ações
Após a denúncia, a Cetesb acionou a Defesa Civil e a Prefeitura de Paulínia, que iniciaram os trabalhos de remoção dos resíduos da via pública. O produto foi acondicionado em bombonas plásticas que ficarão armazenadas nas dependências da Defesa Civil até a definição do local apropriado a ser destinado para tratamento.

A companhia também acionou a Usina Ester, que arrenda a área, disponibilizou mão de obra e uma retroescavadeira para a raspagem do solo. Esse solo com resíduo foi agrupado em duas pilhas e protegido por lonas plásticas para sua remoção do local, o que aconteceu nesta segunda-feira (26).

O material foi levado para uma outra área da Usina Ester, que fará o armazenamento temporário dos resíduos em suas dependências até que as análises químicas de caracterização dos resíduos permitam a destinação a local apropriado e licenciado pela Cetesb. 
Resta uma avaliação final sobre a necessidade de rescaldo da raspagem de solo da área onde o resíduo líquido havia sido depositado. Ainda de acordo com a Cetesb, a agência ambiental de Paulínia continuará a acompanhar o caso. 

Denúncias
A Cetesb informou que a fiscalização de descarte clandestino de resíduos em qualquer local ocorre por meio de denúncia ao órgão, que possui canal de atendimento 24 horas, via Disque Meio Ambiente, no número 0800-113560. As agências ambientais locais também podem ser acionadas, durante a semana, no horário de expediente normal.

Glaucia Santinello AGENCIA ANHANGUERA DE NOTÍCIAS

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