terça-feira, 10 de agosto de 2010

Limite da propriedade da terra é tema de plebiscito popular

9 de agosto de 2010


Por Pedro Carrano
Do Brasil de Fato

O Brasil é o segundo maior concentrador de terras do mundo. Uma desigualdade histórica, que se expressa no fato de as unidades de produção com menos de dez hectares ocuparem somente 2,36% de área do território nacional, mesmo sendo a imensa maioria numérica.

Este cenário motivou o Fórum Nacional pela Reforma Agrária (FNRA) a propor ao conjunto da sociedade um plebiscito, de caráter popular, pelo limite da propriedade da terra. A população é chamada a organizar, entre os dias 1º e 7 de setembro, uma urna e dar a sua contribuição no tema.

Medida indicada em uma série de países, o limite jurídico da propriedade da terra inexiste no Brasil. O Fórum propõe um máximo de 35 módulos fiscais como a área que um proprietário possa ter em mãos. Propriedades superiores a essa medida seriam incorporadas à reforma agrária pelo poder público.

O módulo fiscal varia de região para região, definido para cada município de acordo com critérios, tais como: proximidade da capital e infra-estrutura urbana, qualidade do solo, relevo e condições de acesso. No Paraná, por exemplo, o enquadramento de 35 módulos fiscais equivale a uma média de 1035 hectares. Já no Amazonas, a área torna-se mais extensa e atinge 3500 hectares.

O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo é composto por 54 entidades. Somam-se ao plebiscito a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos, entre outros movimentos sociais. Entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) apóiam a iniciativa.

A população é também chamada a participar de uma coleta de assinaturas para um projeto de emenda constitucional (PEC) para seja inserido um quinto inciso no artigo 186 da Constituição, no que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural. De acordo com os organizadores do plebiscito, o voto e o abaixo-assinado são complementares.

“Trata-se de uma questão que interessa a todos, pois estabelecer o limite da propriedade significa democratizar o acesso à terra e possibilitar a fixação do homem no campo, evitando inúmeros problemas que a migração para as cidades causa. A articulação com as comunidades de base é chave, seja pela importância do tema, seja pela rede espalhada em todo o Brasil”, avalia Luis Bassegio, militante da Assembleia Popular e do Grito dos Excluídos.

Contexto do debate

Dom Ladislau Biernarski, presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), afirma que o plebiscito dialoga com o tema central da Campanha da Fraternidade de 2010, que toca na desigualdade do capitalismo, com o “Fraternidade e Economia – Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro", e tem o seu desfecho com o “Grito dos Excluídos”, realizado na Semana da Pátria, também de 1º a 7 de setembro.

De acordo com a proposta do plebiscito, apenas cerca de 50 mil proprietários teriam sua propriedade limitada, o que ao mesmo tempo liberaria uma área de 200 milhões de hectares para a reforma agrária. “É vantajoso para um país que deixemos de ter quatro milhões de sem terra, onde 2% dos proprietários possuem mais de metade das terras”, coloca Biernarski.

O artigo 184 da Constituição Brasileira se refere à função social da propriedade e impõe que o Estado cumpra a reforma agrária. No entanto, logo depois, o mesmo documento também estabelece o direito à propriedade privada e define que a reforma agrária não toque na média propriedade e naquela definida como produtiva.

A proposta do plebiscito busca inserir o limite da propriedade da terra no artigo 186 na forma de um quinto inciso, somado aos atuais quatro incisos que definem a função social da propriedade. No entanto, para atingir na prática a função social da terra, como afirma Biernarski, “será necessário pressão das organizações sociais”.

Bassegio, por sua vez, analisa que o tema da terra, em diferentes momentos históricos, enfrentou resistência das frações mais conservadoras da elite brasileira. “Isso tem a ver com o poder da oligarquia agrária no Brasil. Ela é muito retrógrada, não vê que a solução de nossos problemas em boa parte está no campo, ela continua cega em sua visão de que falar em reforma agrária é igual a comunismo. Por outro lado, é necessária uma maior articulação da sociedade no sentido de apoiar efetivamente as lutas dos trabalhadores no campo”, propõe.

A questão do elevado consumo de agrotóxicos, a alteração no Código Ambiental em favor do agronegócio, o controle das transnacionais sobre a terra e a água são diferentes debates que atravessam a atual conjuntura e devem estar presentes no trabalho de conscientização que antecede os dias de votação do plebiscito.

“Temos que trabalhar a reforma agrária abrangente, que cuide de fato da alimentação da população, sem veneno, em que haja o confisco das terras onde há trabalho escravo”, defende Biernarski. No que se refere ao uso do trabalho escravo pelos grandes proprietários, dados recentes da CPT apontam que, em 25 anos, 2.438 ocorrências de trabalho escravo foram registradas, com 163 mil trabalhadores.

Falar na propriedade da terra é tocar no assunto da terra em mãos estrangeiras. O Sistema Nacional de Cadastro Rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) elaborou um mapa da distribuição de terras brasileiras compradas por estrangeiros. São 4,3 milhões de hectares distribuídos em 3.694 municípios.

“A questão da terra é fundamental para a identidade nacional. O limite da propriedade da terra existe em quase todos os países, a terra não pode nunca perder sua importância, seu significado de ser a primeira referência de um país, quando olhamos sua geografia e sua história”, comenta o bispo de Jales e presidente da Cáritas brasileira, dom Demétrio Valentini. (Com informações de Assessoria de Comunicação FNRA)

Por causa da greve, segurados estão há dois meses sem receber

EPTV

A greve dos médicos que fazem a perícia de trabalhadores no INSS completou dois meses e, como em todo País, os trabalhadores de Ribeirão Preto que precisam passar por exames para receber ou renovar o seu benefício tem encontrado dificuldades.

Na manhã desta segunda-feira (9), muitas consultas foram remarcadas. A vendedora Kelly Yane Lelis, que tem osteomielite (inflamação óssea) no pé foi avisada que terá que sua consulta foi atrasada em mais de um mês e ela deverá voltar em 13 de setembro. “Eu não posso trabalhar e estou sem receber”, afirma.

Situação semelhante vive o eletricista Daniel Silva que sofreu um acidente de moto e está há dois meses sem salário. “Estou tendo ajuda de parentes”, diz.

Os pacientes que não conseguiram renovar o pedido de auxílio doença devem voltar ao posto do INSS para fazer a prorrogação do benefício ou ligar para o telefone 135. Por uma decisão da Justiça, a Previdência Social vai prorrogar o pagamento das pessoas que já passaram por perícia médica até o final da greve. A assessoria de imprensa do INSS informou que o pagamento do auxílio doença para novos casos será retroativo ao período em que a pessoa ficou sem receber.

Por causa da greve, segurados estão há dois meses sem receber

EPTV

A greve dos médicos que fazem a perícia de trabalhadores no INSS completou dois meses e, como em todo País, os trabalhadores de Ribeirão Preto que precisam passar por exames para receber ou renovar o seu benefício tem encontrado dificuldades.

Na manhã desta segunda-feira (9), muitas consultas foram remarcadas. A vendedora Kelly Yane Lelis, que tem osteomielite (inflamação óssea) no pé foi avisada que terá que sua consulta foi atrasada em mais de um mês e ela deverá voltar em 13 de setembro. “Eu não posso trabalhar e estou sem receber”, afirma.

Situação semelhante vive o eletricista Daniel Silva que sofreu um acidente de moto e está há dois meses sem salário. “Estou tendo ajuda de parentes”, diz.

Os pacientes que não conseguiram renovar o pedido de auxílio doença devem voltar ao posto do INSS para fazer a prorrogação do benefício ou ligar para o telefone 135. Por uma decisão da Justiça, a Previdência Social vai prorrogar o pagamento das pessoas que já passaram por perícia médica até o final da greve. A assessoria de imprensa do INSS informou que o pagamento do auxílio doença para novos casos será retroativo ao período em que a pessoa ficou sem receber.

Sem acordo com a Gol, funcionários votarão sobre greve na sexta-feira

Em audiência de conciliação, empresa nega acusações de sindicatos

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. Acabou sem acordo a audiência de conciliação convocada ontem pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo. O clima ficou quente durante a reunião, com a Gol negando todas as acusações feitas pelos sindicatos dos aeroviários e dos aeronautas. Fica mantida, assim, assembleia para a próxima sexta-feira (dia 13), quando os trabalhadores das duas categorias votarão a proposta de greve paralisando as atividades na empresa aérea por tempo indeterminado. Os funcionários da Gol reclamam do excesso de jornada, assédio moral, disparidade salarial e falta de plano de saúde.

— O indicativo de greve para o dia 13 não está contido — disse Carlos Camacho, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas, referindo-se ao objetivo do encontro de conter o movimento de paralisação na empresa aérea.

Sem acordo, a procuradora regional do Trabalho, Laura Martins de Andrade, que conduziu a reunião, marcou novo encontro para o próximo dia 20, quando serão anexados documentos das partes e ouvidos depoimentos de funcionários. Esses depoimentos, observou a procuradora, serão tomados sob sigilo para evitar que o funcionário seja punido pela empresa.

— Chamei eles (sindicatos e empresa) porque houve notícias de greve. Não posso deixar que a greve aconteça antes de tentar uma conciliação — disse a procuradora.

Ela lembra, porém, que o não comprometimento da Gol em cumprir a convenção coletiva e a regulamentação da categoria, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia, abre a possibilidade de greve a partir da próxima sexta-feira.

Apesar do grande número de denúncias feitas pelos próprios pilotos da Gol no site do Sindicato dos Aeronautas, o presidente da entidade, Gelson Fochesato, disse que não pretende pôr em votação na assembleia do próximo dia 13 indicativo de greve da categoria.

Segundo ele, que é piloto da Gol, a empresa se comprometeu a rever os procedimentos em relação à escala dos tripulantes dos voos (comissários, pilotos e co-pilotos). Nervoso, ele admitiu que não são só os pilotos da Gol que estão cansados, mas também os de outras companhias aéreas.

Sindicato dos aeroviários deve votar por paralisação Já a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, deixou a sala de reuniões do Ministério Público do Trabalho decepcionada com o resultado. Com cópias das denúncias enviadas aos órgão reguladores do setor, a sindicalista disse que há mais de três anos têm denunciado ao Ministério Público e à Agências Nacional de Aviação Civil (Anac) as empresas aéreas Gol, TAM e Ocean Air (hoje Avianca) por descumprimento da legislação trabalhista e da aviação comercial.

Selma classificou a postura dos representantes da Gol na reunião (de negar as irregularidades) de “truculenta”. Os aeroviários, segundo ela, vão votar, na próxima sexta-feira, indicativo de greve na empresa. Para ela, o encontro marcado para amanhã com a direção da Gol não deverá trazer o resultado esperado pelos trabalhadores, uma vez que tem sido prática da empresa ignorar as reivindicações dos funcionários: — Já tivemos várias reuniões desde 2007 sem nenhum resultado prático — disse Selma.Sindicato dos aeroviários deve votar por paralisação Já a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, deixou a sala de reuniões do Ministério Público do Trabalho decepcionada com o resultado. Com cópias das denúncias enviadas aos órgão reguladores do setor, a sindicalista disse que há mais de três anos têm denunciado ao Ministério Público e à Agências Nacional de Aviação Civil (Anac) as empresas aéreas Gol, TAM e Ocean Air (hoje Avianca) por descumprimento da legislação trabalhista e da aviação comercial.

Selma classificou a postura dos representantes da Gol na reunião (de negar as irregularidades) de “truculenta”. Os aeroviários, segundo ela, vão votar, na próxima sexta-feira, indicativo de greve na empresa. Para ela, o encontro marcado para amanhã com a direção da Gol não deverá trazer o resultado esperado pelos trabalhadores, uma vez que tem sido prática da empresa ignorar as reivindicações dos funcionários: — Já tivemos várias reuniões desde 2007 sem nenhum resultado prático — disse Selma.

Tudo pronto para o Fórum Sindical das Américas em Assunção, Paraguai

O movimento sindical do continente se prepara para uma série de atividades no marco do IV Fórum Social Américas (FSA) em Assunção, Paraguai. Incluido no programa está o Fórum Sindical das Américas que se realiza no día 12 de agosto. São aguardados para esta atividade mais de uma centena de lideranças dos trabalhadores da região.

Os eixos do debate no fórum sindical serão a crise e as respostas globais, a democracia nas Américas e as perspectivas regionais desde a perspectiva do mundo do trabalho. O evento é organizado pela Confederação Sindical de Trabalhadores/as das Américas (www.csa-csi.org) entidade a qual se encontram filiadas 65 centrais de 29 países do continente.

O movimento sindical internacional participou em todas as edições anteriores do FSA. Além de entidades de trabalhadores, o fórum sindical conta com a participação de organizações da sociedade civil organizada, movimentos sociais e defensores dos direitos humanos.

As atividades da CSA no Paraguai não se limitam ao Fórum Sindical. No dia 13, acontecerá o Seminário Risco Químico e Mudança Climática. O evento se propõe a discutir ambas temáticas e suas consequências para a classe trabalhadora. Este espaço busca dar continuidade à estratégia sindical frente à cúpula climática de Cancún (COP16) que ocorre em novembro. A outra parte do evento busca discutir o impacto do risco químico à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente.

A CSA também co-organiza o debate “G20 e a resposta neoliberal à crise global”, no dia 13 agosto, às 10h45. O evento conta com a presença da Attac, Rebrip, Owins e Common Frontiers e busca construir estratégias de resistência e alternativas desde os povos no camino até o encontro do G20 en Seúl.

Ainda no tema integração, o movimento sindical do continente promoverá no dia 13, às 14 horas, a oficina "Integração Regional, a crise econômica e a crise dos processos regionais. Perspectivas e chances para a integração dos povos".

Em outra reunião que antecede o FSA, marcada para os dias 9 e 10 de agosto, a CSA realizará um encontro de comunicadores sindicais, onde será debatida a criação de uma rede de comunicação continental, além de discutir a participação do movimento sindical na mobilização pela democratização da mídia.

Centrais sindicais promovem encontro de mulheres com Dilma

Para destacar a importância da participação das sindicalistas na campanha eleitoral, as centrais sindicais brasileiras (CTB, CGTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT) realizarão, no próximo dia 17, em São Paulo, um encontro das mulheres trabalhadoras com a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff. De acordo com a Secretaria de Mulheres da CTB, “defender a continuidade do projeto em curso é um imenso desafio e eleger Dilma será uma vitória”.

Segundo nota divulgada pela Secretaria de Mulheres da CTB, a Central “tem a convicção de que a emancipação feminina só poderá acontecer quando a classe trabalhadora se libertar do capitalismo. E que mudanças profundas só serão efetivas em outro tipo de sociedade: justa e igualitária – socialista”.

A entidade enumera as conquistas recentes das mulheres como a ampliação da licença maternidade, proibição a discriminação sexual no trabalho, a Lei Maria da Penha contra a violência domestica, a reforma do código civil e o direito da mulher à posse da terra, dentre outras, mas destaca que ainda há muito pelo que lutar.

No encontro com Dilma Roussef, as sindicalistas manifestar o apoio à sua candidatura, ressaltando que a melhor resposta para a complexidade do momento político brasileiro é a defesa de um projeto de nação com desenvolvimento econômico, democrático e social com valorização do trabalho, emprego, geração de renda e a defesa dos direitos da classe trabalhadora, com a participação da sociedade no controle as diversas esferas econômicas e sociais. E destaca que identifica na candidatura e no projeto de governo de Dilma características que avançam nesse sentido.

Fonte: CTB