quarta-feira, 15 de setembro de 2010

INCÊNDIO DESTRÓI MADEIRA EM FAZENDA


Polícia Civil investiga se foi criminoso fogo que atingiu área de eucalipto para produção de celulose no município de Iaras
Lilian Grasiela
Iaras – A Polícia Civil de Iaras (90 quilômetros de Bauru) está apurando as causas de um incêndio na noite de anteontem em uma fazenda de propriedade do Grupo Lwart. Além da queima de grande quantidade de madeira de eucalipto, que seria utilizada como matéria-prima na produção de celulose, os responsáveis pela propriedade teriam constatado no local a destruição de maquinários e pneus de tratores.

Segundo o delegado do município, Fabiano Ribeiro Ferreira da Silva, o incêndio na Fazenda Lagoa Rica, registrado apenas na tarde de ontem, destruiu uma área de 55 hectares, correspondente aos talhões (parte de terreno utilizada em determinada cultura) 49, 50, 53 e 54 equivalente a 55 campos de futebol. Nos próximos dias, a Polícia Técnica de Avaré será acionada para periciar o local e emitir laudo sobre o que teria ocasionado o início das chamas.

O delegado conta que, com base nas declarações de representantes da empresa, relatadas no Boletim de Ocorrência, não está descartada a hipótese do incêndio ter sido criminoso. “Eles falam que ali é uma área que está em litígio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)”, afirma. “Eles teriam sido pressionados por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre exploração da madeira, senão eles iriam atear fogo”.

De acordo com o delegado, em razão dos questionamentos sobre a titularidade da área atingida pelo incêndio na esfera judicial, ainda existem incertezas em relação à delegacia que teria a prerrogativa de investigar os fatos. “Se fosse do Incra, a gente remeteria à Polícia Federal porque a área seria da União”, explica. “Se for área de propriedade da Lwart, fica na Delegacia de Iaras mesmo”.

Paulo Beraldo, integrante do MST, declara que o incêndio pode ter ocorrido ocasionalmente ou intencionalmente, mas descarta a participação de membros do grupo no que ele chama de “prática criminosa”. “O MST não tem nenhum envolvimento direto e nem indireto com nenhuma prática desse tipo, que pode ser considerada prática criminosa”, diz.

“O movimento tem seus métodos, porém, nenhuma atitude criminosa seria cometida considerando que a gente vive com problemas ambientais sérios por parte das queimadas que estão acontecendo na região”.

A gerente de marketing corporativo do Grupo Lwart, Eliane Oliveira, declara que prefere aguardar a conclusão das investigações, mas diz que existem fortes indícios de que o incêndio na Fazenda Lagoa Rica tenha origem criminosa. “Começaram vários focos ao mesmo tempo, existe um veículo circulando nas imediações na madrugada, atacaram maquinário, furaram pneus de tratores, cortaram pneus”, afirma. De acordo com a gerente, além de consumir grande volume de madeira da floresta plantada de eucalipto, que já estava empilhada aguardando o transporte até a unidade de produção de celulose da empresa, as chamas atingiram uma área do Instituto Florestal Estadual, que faz limite com a propriedade. Os prejuízos ainda não foram calculados.

“Nós ainda estamos avaliando porque foi uma perda grande de volume de madeira colhida”, pontua. Oliveira revela que equipes do Grupo Lwart conseguiram controlar o fogo durante madrugada e início da manhã. Já na área do Instituto Florestal Estadual, que faz divisa com a fazenda, até o final da tarde de ontem, equipes do Corpo de Bombeiros de Avaré continuaram tentando conter as chamas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário.