quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Policiais são suspeitos em roubo de fuzis

Retirado do "Estadão"
Por Josmar Jozino

A Corregedoria da Polícia Civil assumiu as investigações do roubo de 89 pistolas e 22 fuzis do Centro de Treinamento Tático (CTT) de Ribeirão Pires, no ABCD, ocorrido no final da noite de 5 de março deste ano. O caso era apurado pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Santo André, mas passou para a Divisão das Corregedorias Auxiliares porque há indícios de envolvimento de policiais no roubo do armamento.
Um policial de Santo André contou à reportagem que a Corregedoria passou a investigar o roubo do armamento em 27 de junho, assim que surgiu a suspeita do envolvimento de policiais civis no episódio. O pedido para a Corregedoria assumir as apurações foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do ABC.
A reportagem procurou as promotoras de Justiça do Gaeco do ABC Mileny Comploier e Eliana Faleiros Vendramini Carneiro para falar sobre o caso. A informação é que ambas estavam em serviço externo. O delegado Luiz Antonio Rebelo, da Divisão das Corregedorias Auxiliares, também foi procurado. Ele estaria participando de um congresso e, por isso, não poderia falar.

ASSASSINATOS
O mesmo policial de Santo André afirmou à reportagem que um dos fuzis roubados do CTT pode ter sido utilizado nos assassinatos dos investigadores José Carlos dos Santos, de 38 anos, e Ramiro Diniz Júnior, de 44. "Há duas linhas de investigação sobre as mortes desses policiais. Uma é a de que foram vítimas da máfia de bingos e caça-níqueis. E a outra é a de que foram executados porque tinham informações sobre os roubos das armas do Centro de Treinamento Tático. A Polícia Civil do ABC acredita mais na segunda hipótese", afirmou o policial.
Santos foi executado com 20 tiros de fuzil em 30 de março, no Jardim Irene, em Santo André. Os assassinos ocupavam um Peugeot prata. Um deles usava calça camuflada e touca ninja. Júnior foi assassinado com 12 tiros de fuzil 5.56 mm em 9 de agosto, Dia dos Pais, no Parque Jaçatuba, em Santo André. Ele morreu na frente da mulher e dos dois filhos.
Júnior era chefe do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Santo André. Santos era subordinado dele. O assassinato de Júnior é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
O caso, porém, está sob segredo de Justiça. Já a morte de Santos é investigada pela Delegacia de Homicídios de Santo André.

NOTA
Em nota divulgada ontem, a Secretaria da Segurança Pública confirmou que o inquérito instaurado pela Seccional de Santo André para investigar o roubo das armas no Centro de Treinamento de Ribeirão Pires foi encaminhado à Corregedoria Geral da Polícia Civil. A nota não explica o motivo dessa mudança, mas acrescenta que até o momento não se estabeleceu a autoria do crime e que nenhuma arma foi recuperada. O documento diz ainda que o caso continua sendo investigado.
A reportagem também ouviu um representante do CTT. Ele afirmou que não podia dar declarações sobre as investigações em andamento. O CTT foi invadido por pelo menos dez ladrões. Os 22 fuzis levados pelos assaltantes - além das 89 pistolas - eram de calibres 7.62 mm e 5.56 mm.

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